Primeiro amor

Hoje, enxergando, percebo como até mesmo o tempo que passei sem me dedicar a esse blog externava minha falta de paixão. Meu último texto foi escrito há mais 2 anos e tudo isso ficou tão de lado que hoje eu abri e me perguntei como foi que eu simplesmente me esqueci que ele existia, como se não importasse. 

Apesar de ser público(mesmo que poucos leiam) dedicar tempo aqui era pra mim dedicar tempo à Ele, ao reino Dele. E isso era a minha vida, toda a minha vida era resumida em fazer algo pelo reino. 

Antes desse blog eu passava horas e horas das minhas madrugadas escrevendo coisas inúteis. Recheava um outro site de experiências e aprendizados sobre a vida que não traziam nenhuma edificação, era desabafo por desabafo. Quando me converti verdadeiramente eu queria que tudo fosse Dele, inclusive as linhas que eu gastava tempo pra escrever. 

Todas as minhas atitudes, palavras, meus pensamentos, os hábitos que eu tinha no meu dia-a-dia, eu queria que tudo fosse pra Ele, dentro e fora de mim. Meus passeios de bicicleta com fone de ouvido se tornaram um momento de gratidão e adoração. Meu trabalho se tornou uma forma de ajudar pessoas, dar testemunho sobre Ele, mostrar amor. Meu tempo em casa se tornou um momento de mostrar diferença, transformação no meu modo de viver. Meus textos se tornaram uma maneira de auxiliar as pessoas com aquilo que eu aprendi e ainda estaria aprendendo com meu relacionamento com Ele.

E o mais incrível de tudo era que eu me sentia constantemente amada e feliz, me sentia realizada, com uma sensação de que cumpria meu propósito aqui e de que Ele se agradava disso. 

Mas os anos se passam e não é atoa a representação de um casal para o relacionamento da igreja com Cristo. A paixão inicial esfria, o fervor diminui, o coração não acelera mais, a preocupação em medir as palavras que ofendem some, a vontade de passar horas juntos acaba, as conversas são atropeladas, o tempo é curto, a oração vira reza. Acontece a coisa mais desastrosa do mundo: o costume. 

A parte boa é que tudo fica ruim. Você começa a fazer tudo por você, por alguém, por elogio, por aceitação, por aplauso, pro pastor, pro marido, pra igreja. Você não tem retorno, suas expectativas são frustadas, seu propósito não está sendo cumprido. E fica tudo sem graça, sem ânimo, sem vida, robotizado. Aí a gente acorda(pena que demore tanto tempo). 

Deus tem dias maravilhosos para nós. Dias de alegria intensa e dias de grandes aprendizados com tribulações e lutas. Todos serão maravilhosos se em nosso coração arder o amor por Ele. Se no meio do caos nossa preocupação for policiar atitudes afim de não deixá-lo decepcionado, ao invés reclamar e cobrar melhorias. 

Deus tem amor para todos os dias como no começo. Mas Ele tem contra nós o abandono e o costume. 

Que assim como Ele nós tenhamos amor fervoroso todos os dias, como no primeiro.