Em Vida Cristã

Uma carta ao meu futuro


 O livro Invisível de Sara Hagerty já foi um divisor de águas no meu relacionamento com Deus, antes mesmo que eu tenha terminado de ler. Antes desse livro várias visões e crenças erradas sobre produtividade espiritual e punição divina bloqueavam meu coração de viver a nível mais plena e sublime amizade com Ele. 

Com as páginas já lidas eu passei a enxergar um Deus que não só me ama, mas que tem seus olhos voltados para mim 24 horas por dia, me admirando. Vi um Deus que quando enxerga minhas mazelas não vira o olhar em repulsa, mas que sofre ao ver que eu poderia ser melhor e viver melhor, mas sou limitada e falha. Vi um Deus perdoador, que já pagou minha dívida e hoje quer tão somente me transformar nesse meu melhor. Vi um Deus que não quer que eu gaste a vida focada em mudar o mundo, influenciar pessoas ou fazer a diferença, como se eu fosse uma engrenagem que não pode faltar nesse grande plano Dele para o homem. Muito antes de produtividade, um Deus que me quer, e só. Ele quer meu coração, por completo, não em partes. Quer todos os meus pensamentos, sem exceção. Quer meu olhar de volta, minha contemplação, meu tempo e meu amor durante as mesmas 24 horas em que Ele me observa. Um Deus que me conhece desde o útero e que espera que eu volte meus olhos a Ele para que eu também O conheça. 

Deus é tão sábio, sua palavra é tão perfeita. "Amai a Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento e ao teu próximo como a ti mesmo. Nisso se resume toda a lei". A mais perfeita ordem do funcionamento da alma humana. Ninguém ama e cuida de si, nem ama ao próximo como a si sem antes deixar tudo aos pés de Deus, e Ele sabe disso. Ele sabe que quando deixamos todo o coração, alma e pensamentos em suas mãos o extraordinário acontece: a autopunição é dissipada e o amor ao semelhante simplesmente floresce, involuntariamente e quase sem o esforço que antes era feito em vão.

Mas, como diz o livro, com demasiada frequência nos esquecemos da plenitude desses momentos e nos contentamos em gastar tempo contemplando coisas vazias. Como resultado nos tornamos igualmente opacos e sem vida. E uma vez que experimentamos do amor incondicional, ao desviarmos o olhar de Deus buscamos esse amor nos outros ou em nós mesmos, e a frustação é inevitável. Exigimos de nós e do outro um amor e cuidado que o ser humano caído jamais será capaz de oferecer. Na teoria nós até sabemos o que fazer: não se cobrar tanto, respeitar os próprios limites e os dos outros, não tentar mudar o outro, não se acelerar, se cuidar, a lista já está decorada. Mas por algum motivo simplesmente não conseguimos cumprir e tudo se torna uma luta diária, contra nós mesmos e contra o mundo. O pecado original nos escraviza a saber, mas não conseguir praticar. 

A libertação só pode ser encontrada no olhar amoroso do Criador de todo o universo, que com tanto poder e glória dá a sua atenção constante a meros mortais falhos, confusos e carentes para ensiná-los que Nele e no seu amor eles podem ser preenchidos e assim transformados. 

Escrevo essas palavras pois como disse Hernandes Dias Lopes, a caneta mais fraca e o papel mais velho é mais eficaz que a memória humana. Escrevo pois sei que nessa minha curta jornada na Terra me esquecerei dessa linda verdade por mais algumas vezes, e como prova desse amor que arde em meu peito em retribuição ao Único que soube me amar de verdade, não quero jamais que isso seja completamente apagado de mim. 


Uma carta ao meu futuro, um lembrete de que meu olhar precisa estar no amado da minha alma. 


 


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